segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Cuídate!

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Hay veces que la vida exige un cambio. Una transición. Como las estaciones.
Nuestra primavera fue maravillosa, pero el verano se ha terminado… y nos perdimos el otoño.
Y ahora, de repente, hace frío, tanto frío que todo se está congelando.
Nuestro amor se ha dormido y la nieve lo tomó por sorpresa.
Y si te duermes en la nieve no sientes venir a la muerte.
Cuídate!

Sara Pazos

Amor é...


"Tengo el resto de mi vida para conocerte, amor.
Un poco mas, todos los dias"

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Redacção ao mais alto nível

Redacção feita por uma aluna de Letras, que obteve a vitória num concurso interno promovido pelo professor da cadeira de Gramática Portuguesa.

Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. O artigo, era bem definido, feminino, singular. Ela era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco átona, um pouco ao contrário dele, que era um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo até gostou daquela situação; os dois, sozinhos, naquele lugar sem ninguém a ver nem ouvir. E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice.
De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro.
Óptimo, pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que em vez de descer, sobe e pára exactamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela no seu aposento.Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo.
Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo.
Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo o seu ditongo crescente. Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples, passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula.
Ele não perdeu o ritmo e sugeriu-lhe que ela lhe soletrasse no seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, pois estava totalmente oxítona às vontades dele e foram para o comum de dois géneros.
Ela, totalmente voz passiva. Ele, completamente voz activa. Entre beijos, carícias, parónimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais.
Ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objecto, tomava a iniciativa. Estavam assim, na posição de primeira e segunda pessoas do singular.
Ela era um perfeito agente da passiva; ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisto a porta abriu-se repentinamente.
Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou logo a dar conjunções e adjectivos aos dois, os quais se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.
Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtónica, o verbo auxiliar logo diminuiu os seus advérbios e declarou a sua vontade de se tornar particípio na história. Os dois olharam-se; e viram que isso era preferível, a uma metáfora por todo o edifício.
Que loucura, meu Deus!
Aquilo não era nem comparativo. Era um superlativo absoluto. Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado aos seus objectos. Foi-se chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo e propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que, as condições eram estas:
Enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa situação e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história. Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.


Fernanda Braga da Cruz
NR: A redacção é excelente, se ganhou prémio ou não, se foi mesmo a Fernanda que a escreveu, são coisas de somenos importância

in http://apeidaumregalodonarizagentetrata.blogspot.com

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Invictus




Invictus

by William E Henley

Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate;
I am the captain of my soul.

Invictus

(Título Original: "Invictus")

Autor: William E Henley
Tradutor: André C S Masini

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.

Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.

Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;

Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.

Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

As pérolas e os Porcos - Bolivar e Hugo Chavez


Quando Hugo Chavez evoca o espírito da doutrina de Simon Bolivar prova que o seu nível académico nunca foi suficiente para compreender nem o que leu, nem o que ouviu sobre o mais importante líder da América do Sul.
Temo que, se o presidente venezuelano ler este post, dentro dos seus muito ocupados minutos, o mande suspender, bloquear e jamais conseguirei um visto bom para a Venezuela.
Portanto, correndo esse risco, cá vai um discurso de Símon Bolivar, para todos lerem, mas especialmente os venezuelanos que continuam a apoiar Hugo Chavez e a sua política.


DISCURSO PRONUNCIADO EL 23 DE ENERO DE 1815 EN BOGOTÁ, AL INAUGURARSE EL GOBIERNO DE LA UNIÓN EN AQUELLA CAPITAL, QUE EL LIBERTADOR SIMON BOLIVAR HABÍA TOMADO POR ASALTO EL 13 DE DICIEMBRE DE 1814

POR DOS VECES el desplomo de la República de Venezuela, mi patria, me ha obligado a buscar un auxilio en la Nueva Granada, que por dos veces he contribuido a salvar. Cuando en la primera guerra civil, en medio del tumulto de la anarquía y del espanto de una cruel invasión, que por todas partes amenazaba a estos estados, tuve la dicha de presentarme entre mis hermanos, les pagué con mis servicios su hospitalidad.

Al presente las nuevas catástrofes de Venezuela me conducen aquí, y encuentro el interior otra vez dañado por la divergencia. V.E. me hace el honor de destinarme a pacificar a Cundinamarca disidente, y la paz sucede a la división. ¡Terrible! ¡Terrible división! Pero disculpable… Permítame V.E. remontar al origen lamentable de esta calamidad.

Creado el nuevo mundo bajo el fatal imperio de la servidumbre, no ha podido arrancarse las cadenas sin despedazar sus miembros; consecuencia inevitable de los vicios de la servilidad y de los errores de una ignorancia tanto más tenaz, cuanto que es hija de la superstición más fanática que ha cubierto de oprobio al linaje humano.

La tiranía y la inquisición habían degradado a la clase de los brutos a los americanos, y a los hijos de los conquistadores, que les trajeron estos funestos presentes. Así, ¿qué razón ilustrada, qué virtud política, qué moral pura podríamos hallar entre nosotros para romper el cetro de la opresión, y sustituir de repente el de las leyes, que debían establecer los derechos e imponer los deberes a los ciudadanos en la nueva república? El hábito a la obediencia, sin examen, había entorpecido de tal modo nuestro espíritu, que no era posible descubriésemos la verdad, ni encontrásemos el bien. Ceder a la fuerza fue siempre nuestro solo deber; como el crimen mayor buscar la justicia y conocer los derechos de la naturaleza y de los hombres. Especular sobre las ciencias; calcular sobre lo útil, y practicar la virtud, eran atentados de lesa tiranía, más fáciles de cometer que de obtener su perdón. La mancilla, la expatriación y la muerte, seguían con frecuencia a los talentos, que los ilustres desgraciados sabían adquirir para su ruina, no obstante el cúmulo de obstáculos que oponían a las luces los dominadores de este hemisferio.

Jamás, señor, jamás nación del mundo, dotada inmensamente de extensión, riqueza y población ha experimentado el ignominioso pupilaje de tres siglos, pasados en una absoluta abstracción; privada del comercio del universo, de la contemplación de la política, y sumergida en un caos de tinieblas. Todos los pueblos de la tierra se han gobernado por sí mismos con despotismo o con libertad; sistemas más o menos justos han regido a las grandes sociedades; pero siempre por sus ciudadanos, refundiendo el bien o el mal en ellos mismos.

La gloria o el deshonor ha refluido sobre sus hijos; mas nosotros ¿ hemos dirigido los destinos de nuestra patria? La esclavitud misma ¿ha sido ejercida por nosotros? Ni aun el ser instrumentos de la opresión nos ha sido concedido. Todo, todo era extranjero en este suelo. Religión, leyes, costumbres, alimentos, vestidos, eran de Europa, y nada debíamos ni aun imitar. Como seres pasivos, nuestro destino se limitaba a llevar dócilmente el freno que con violencia y rigor manejaban nuestros dueños. Igualados a las bestias salvajes, la irresistible fuerza de la naturaleza no más ha sido capaz de reponernos en la esfera de los hombres; y aunque todavía débiles en razón, hemos ya dado principio a los ensayos de la carrera, a que somos predestinados.

Sí, Excmo. Señor, hemos sabido representar en el teatro político la grande escena que nos corresponde, como poseedores de la mitad del mundo. Un vasto campo se presenta delante de nosotros, que nos convida a ocuparlo; y bien que nuestros primeros pasos hayan sido tan trémulos como los de un infante, la rigorosa escuela de los trágicos sucesos ha afirmado nuestra marcha habiendo aprendido con las caídas, dónde están los abismos; y con los naufragios, dónde están los escollos. Nuestra empresa ha sido a tientas, porque éramos ciegos; los golpes nos han abierto los ojos, y con la experiencia, y con la vista que hemos adquirido ¿por qué no hemos de salvar los peligros de la guerra, y de la política, y alcanzar la libertad y la gloria que nos esperan por galardón de nuestros sacrificios?

Estos no han podido ser evitables, porque para el logro del triunfo siempre ha sido indispensable pasar por la senda de los sacrificios.

La América entera está teñida de la sangre americana. ¡Ella era necesaria para lavar una mancha tan envejecida! La primera que se vierte con honor en este desgraciado continente, siempre teatro de desolaciones, pero nunca por la libertad, México, Venezuela, la Nueva Granada, Quito, Chile, Buenos Aires y el Perú presentan heroicos espectáculos de triunfos e infortunios. Por todas partes corre en el Nuevo Mundo la sangre de sus hijos; mas es ya por la libertad, ¡único objeto digno del sacrificio de la vida de los hombres!

Por la libertad, digo, está erizada de armas la tierra, que poco ha sufría el reposo de los esclavos; y si desastres espantosos han afligido las más bellas provincias y aun repúblicas enteras, ha sido por culpa nuestra, y no por el poder de nuestros enemigos.

Nuestra impericia, Excmo. Señor, en todos los departamentos del Gobierno ha agotado nuestros elementos, y ha aumentado considerablemente los recursos precarios de nuestros enemigos, que prevaliéndose de nuestras faltas, han sembrado la semilla venenosa de la discordia, para anonadar estas regiones que han perdido la esperanza de poseer. Ellos antes aniquilaron la raza de los primeros habitadores para sustituir la suya, y dominarlo… Ahora hacen perecer hasta lo inanimado, porque en la impotencia de conquistar, ejercen su maleficencia innata en destruir. Pretenden convertir la América en desierto y soledad; se han propuesto nuestro exterminio, pero sin exponer su salud, porque sus armas son las viles pasiones, que nos han transmitido por herencia, la cruel ambición, la miserable codicia, las preocupaciones religiosas y los errores políticos. De este modo, sin aventurar ellos su suerte, deciden de la nuestra.

A pesar de tan mortíferos enemigos, contemplamos la bella república de Buenos Aires, subyugando al reino del Perú; México preponderando contra los tiranos; Chile triunfante; el oriente de Venezuela libre, y la Nueva Granada tranquila, unida y en una actitud amenazadora.

Hoy V.E. pone el complemento a sus ímprobos trabajos, instalando en esta capital el gobierno paternal de la Nueva Granada, y recibiendo por recompensa de su constancia, rectitud y sabiduría, las bendiciones de los pueblos, que deben a V.E. la paz doméstica y la seguridad externa.

Por la justicia de los principios que V.E. ha adoptado, y por la moderación de una conducta sin mancha, V.E. no ha vencido, ha ganado a sus enemigos internos, que han experimentado más beneficios de sus contrarios, que esperanzas tenían en sus amigos.

Deseaban estos componer una república aislada en medio de otras muchas, que veían con horror una separación, que dividiendo el corazón del resto del cuerpo le da la muerte al todo. V.E. colma los votos de sus enemigos, haciéndolos entrar en la gran familia, que ligada con los vínculos fraternales, es más fuerte que nuestros opresores.

V.E. ha dirigido sus fuerzas y miras en todos sentidos: el norte es reforzado por la división del general Urdaneta; Casanare espera los socorros que lleva el comandante Lara; Popayán se verá auxiliar superabundantemente; Santa Marta y Maracaibo serán libertadas por el soberbio ejército de venezolanos y granadinos que V.E. me ha hecho el honor de confiar. Este ejército pasará con una mano bienhechora rompiendo cuantos hierros opriman con su peso y oprobio a todos los americanos que haya en el norte y sur de la América meridional. Yo lo juro por el honor que dorna a los libertadores de la Nueva Granada y Venezuela; y ofrezco a V.E. mi vida, como el último tributo de mi gratitud, o hacer tremolar las banderas granadinas hasta los más remotos confines de la tiranía. Mientras tanto, V.E. se presenta a la faz del mundo, en la majestuosa actitud de una nación respetable por la solidez de su constitución, que formando de todas las partes, antes dislocadas, un cuerpo político, pueda ser reconocido como tal por los estados extranjeros, que no debieron tratar con esta república que era un monstruo, por carecer de fuerza la autoridad legítima, como de legitimidad el poder efectivo de las provincias representadas; éstas por sí mismas eran hermanas divididas, que no componían una familia.

Aunque mi celo importuno me ha extraviado en este discurso, que sólo debía ser inaugural, continuaré todavía mi falta atreviéndome a añadir que el establecimiento de los tribunales supremos, que sin interpretar las leyes, y sometiéndose ciegamente a ellas en la distribución de la justicia, aseguran el honor, la vida y la fortuna de los ciudadanos, me lisonjeo, será uno de los más bellos monumentos que V.E. erigirá a su gloria. La justicia es la reina de las virtudes

republicanas, y con ellas se sostienen la igualdad y la libertad que son las columnas de este edificio.

La organización del erario nacional que exige de los ciudadanos una mínima parte de su fortuna privada, para aumentar la pública que alimenta a la sociedad entera, ocupa en el ánimo de V.E. un lugar muy prominente; porque sin rentas no hay ejércitos, y sin ejércitos perece el honor, al cual hemos ya consagrado innumerables sacrificios, por conservarlo en el esplendor que la han adquirido la vida de tantos mártires, y la privación de tantos bienes.

Pero la opinión pública, Excmo. Señor, es el objeto más sagrado que llama la alta atención de V.E.; ella ha menester la protección de un gobierno ilustrado que conoce que la opinión es la fuente de los más importantes acontecimientos. Por la opinión ha preservado Atenas su libertad de la Asia entera. Por la opinión, los compañeros de Rómulo conquistaron el universo. Por la opinión influye Inglaterra en todos los gobiernos, dominando con el tridente de Neptuno la

inmensa extensión de los mares.

Persuadamos a los pueblos de que el cielo nos ha dado la libertad para la conservación de la virtud y la obtención de la patria de los justos. Que esta mitad del globo pertenece a quien Dios hizo nacer en su suelo, y no a los tránsfugas trasatlánticos, que por escapar de los golpes de la tiranía vienen a establecerla sobre nuestras ruinas.

Hagamos que el amor ligue con un lazo universal a los hijos del hemisferio de Colón, y que el odio, la venganza y la guerra se arranquen de nuestro seno y se lleven a las fronteras, a emplearlos contra quienes únicamente son justos: contra los tiranos.


Excmo. Señor, la guerra civil ha terminado; sobre ella se ha elevado la paz doméstica; los ciudadanos reposan tranquilos bajo los auspicios de un gobierno justo y legal; y nuestros enemigos tiemblan.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Marcolino Moco parte a loiça

Recebido por e-mail aos 09/12/09

Marcolino Moco parte a loiça
- 3-Dec-2009 - 19:24


Leia, na íntegra, a carta que o ex-secretário-geral do MPLA e
primeiro-ministro de Angola escreveu a Mateus Julião Paulo "Dino
Matross"

Se em 1956 Viriato da Cruz isolou-se, durante uma semana, num quarto
do hotel Magestic ao São Paulo, em Luanda, e sentou-se diante de uma
máquina de escrever para redigir o Manifesto do MPLA, hoje, passados
53 anos, Marcolino Moco escreveu num computador, a partir do bairro
Azul (capital do País), outro (manifesto) que se opõe ao medo e à
ditadura do silêncio que diz reinar em Angola.


Por Jorge Eurico

O antigo secretário-geral do MPLA e ex-Primeiro-Ministro de Angola
foi, no passado dia 24 de Novembro, à Assembleia Nacional (AN) ao
encontro do actual secretário-geral do partido no poder.

Marcolino Moco respondia, assim, a uma inopinada chamada de Mateus
Julião Paulo "Dino Matross" que - segundo Faustino Muteka, portador do
recado ao primeiro - tinha como escopo trocar ideias.

A reunião entre os dois não foi tão bacana (permitam-nos o
brasileirismo!) como era de esperar. Prova disso é que dias depois
Marcolino Moco mandou um pequeno memorando sobre o sobredito encontro
ao "camarada Dino Matross".

O actual responsável da Faculdade de Direito da Universidade Lusíada
diz, entre outras coisas, na referida epístola, esperar nunca mais ser
perturbado quando falar nas suas vestes de cidadão e estudioso de
Direito.

Marcolino Moco alerta que o MPLA está a ser arrastado à situação de
ser o mais retrógado dos então chamados partidos progressistas de
África e aproveita o embalo para declinar o convite que " o camarada
diz ter pedido para mim, ao presidente do partido (José Eduardo dos
Santos), para ser convidado ao VI Congresso do MPLA (sic!)".

Moco diz não aceitar a perspectiva chantagista, condicionante e
ameaçadora que "Dino Matross" deixou transparecer do tipo: " se não
for, então que não se arrependa" ou "então será abandonado (sic!)".
Eis, já a seguir, ipis verbis as palavras de um homem que se diz
preparado, desde a "Queda do Muro de Berlim", espiritual e
psicologicamente para não viver às custas de lugares em partidos
políticos.

“Caro Camarada Dino Matross

Após consulta à minha família nuclear e alargada, que me deu todo o
apoio, e até me surpreendeu, ao declarar que eu nem devia ter ido ter
consigo, mando-lhe este pequeno memorando do nosso encontro do dia 24
de Novembro, na Assembleia Nacional.

Na verdade, como deve ter sabido, a minha primeira decisão era não ter
ido ter consigo, pela forma como fui abordado, como se eu fosse um
desocupado, à chamada de um senhor misericordioso; e também não iria
ao seu encontro por desconfiar que me iria dar lições atávicas, sobre
as minhas opiniões, como cidadão e académico, em relação ao momento
constituinte, que tem suscitado uma grande audiência em Luanda e no
exterior, já que vocês, sem nenhum pejo, barraram todo o contraditório
em relação ao interior do país, simulando uma grande generosidade em
fazer participar o país na elaboração de uma constituição que vocês já
sabem qual será.

Só que com o seu cinismo, conseguiu que o camarada Faustino (Muteka)
me convencesse que seria uma conversa entre camaradas que iriam trocar
ideias, neste momento importante.
Aquilo foi mais degradante, não sei quantas vezes, do que o meu
encontro com os camaradas João Lourenço, Paulo Jorge e Nvunda, em
2001, quando eu opinava publicamente sobre a urgência da paz. Devo
reconhecer hoje, ter sido injusto com eles porque, foram certamente
pessoas como o camarada Matross que os empurraram para aquele cenário,
que até não foi tão triste assim, até porque bastante cordial.

Vocês não conseguem nem ter sentido de humor e um mínimo de
informalismo, como a camarada Joana Lina, que quase não aceitou os
meus cumprimentos, toda ela feita deusa de uma religião que eu não
professo.

Pela forma arrogante como me falou não vou mais insistir nas opiniões
que tentei trocar consigo, porque vi que o senhor não estava
interessado em dialogar, mas apenas em tentar impor-me ideias que -
diga-se, mais do que imaginava, horrorosamente atávicas.

No entanto, quero que fique bem claro que, para mim, as conclusões
daquele encontro são as seguintes:

1-Reitero, por minha livre vontade, que continuo ligado
sentimentalmente ao MPLA (talvez deixe de fazer essa referência
pública, e deixe de referir que vocês são meus amigos, se isso tanto
vos perturba) conservando o meu respeito ao Presidente do Partido, mas
sem temor (como temer um combatente na luta contra o medo colonial e
não só!?). O que penso, a partir do nosso último encontro (pode ser
que esteja enganado!), é que são vocês que o apoquentam com a ideia de
que qualquer referência a ele, desde que seja crítica (mesmo quando
positiva) é falta de respeito, é “falar mal do Chefe”, etc., etc.,
etc..

2- Fica claro que como docente, conferencista e cidadão, ninguém, mas
absolutamente ninguém, me obrigará a distorcer as minhas convicções
científicas, a favor de ideias de um partido qualquer, por mais
maioritário que seja e por mais da minha cor que seja. É aí que vocês
inventam que eu falo mal do Presidente do Partido, quando as
referências são feitas a um cidadão que é Chefe de Estado e
especialmente na sua qualidade de Chefe de Governo, num momento
importante, em que todos nós temos o dever cívico de contribuir sem
medo. Para mim o tempo da vovó Xica de Valdemar Bastos: “não fala
política”, já lá vai há muito tempo. Paradoxalmente, o camarada Dino
Matross, foi um dos grandes obreiros desta gesta. É pena! Era para nos
tirarem o medo dos estrangeiros e nos trazerem o vosso medo?! Eu
recuso-me a tremer perante qualquer tipo de novos medos.

3-Aquelas referências que fez, de forma tão sobranceira e até
ameaçadora, sobre o camarada Chipenda (por quem, da lista, nutro um
grande respeito), do Paulino Pinto João (degradante!) e de Jonas
Savimbi (se não andasse distraído saberia que eu nunca entendi bem das
suas razões) foi das coisas mais inacreditáveis na minha vida. O
camarada Matross a deixar transparecer que me presto a mendigar os
vossos favores ou que tenho medo de perder a vossa protecção? Ainda
não se apercebeu que não?!

Neste ponto, saiba que a minha família e amigos, sobretudo os que
vivem no Huambo e um pouco por todo o país, reiteraram-me o seu total
e pleno apoio, no sentido de que nem que eu venha a comer raízes e
ervas (que até são mais saudáveis que as comidas importadas) não irei
pedir esmolas a ninguém, o que não significa dispensar os meus
direitos e garantias perante as instituições competentes do Estado.

4-Declino o convite que o camarada diz ter pedido para mim, ao
Presidente do Partido, para ser convidado ao VI Congresso do MPLA. Não
aceito a perspectiva chantagista, condicionante e ameaçadora que
deixou transparecer do tipo: “se não for então que não se arrependa”
ou “então será abandonado”.

Como costumo dizer, desde a “Queda do Muro de Berlim”, em 1989, que
estou preparado, sobretudo espiritual e psicologicamente, para não
viver a custa de lugares em qualquer partido. E a mensagem que passo
sempre aos meus alunos _ e tenho moral para isso _ é esta:
“preparem-se como bons profissionais, para a vida; podem aderir a
partidos ou assumir cargos políticos, mas não dependam deles em nenhum
sentido, porque podem ser enxovalhados, em alguma altura”.

5-Espero nunca mais ser perturbado quando falar, nas minhas vestes de
cidadão e estudioso do Direito. Se a questão é alguma comunicação
social, que ainda não se vergou às vossas pressões, andar a divulgar
as minhas ideias, o problema não é meu. Mandem fechar tudo o que não
fale a vosso favor e deixem-me em paz.

6- Olhem à volta e vejam como arrastam o MPLA à situação de ser o mais
retrógrado dos então chamados partidos progressistas de África!
Incapazes de perdoar, do fundo do coração (já nem falo da UNITA e dos
chamados “ fraccionistas”) até os próprios fundadores do nosso
glorioso Partido, como os irmãos e primos Pinto de Andrade; e um
Viriato da Cruz, de cujo punho brotaram estrofes esplendorosas, para
uma África chorosa mas em “busca da liberdade”, usando palavras de
outro vate da liberdade; o Viriato da pena leve e elegante que riscou
o próprio “Manifesto”, donde nasceria uma das mais notáveis siglas da
humanidade; sigla que vocês vão, hoje, transmitindo às novas gerações,
como o símbolo do culto e da correria atrás de enxurradas de dinheiro
e de honrarias balofas!

Triste espectáculo que fingem não ver!

Com certeza, já mandaram chamar o nosso “mais novo”, o deputado
Adelino de Almeida para nunca mais escrever, como escreveu aquele
artigo tétrico, no “Semanário Angolense”, após o desaparecimento do
malogrado, talentoso e insigne tribuno, também nosso “mais novo” o
ex-deputado André Passy. Dos textos dilacerantemente irónicos do
ex-deputado Januário, mas exprimindo com arte as misérias (sobretudo
do foro espiritual) que estão a ser criadas neste país, provavelmente
nem se importam de reparar: pois, para além de ser já um “ex” é um
“mijão de calças”, mesmo aos quase 50 anos, como o camarada Matross
gosta de taxar “carinhosamente” todos os jovens que despontam com
ideias diferentes das vossas. Por maioria de razão, o mesmo destino
(cesto de papéis!) deram, certamente, àquele pujante libelo acusatório
de um jovem, a sair dos vinte anos, que me fez chorar (das poucas
vezes que chorei, em vida!) onde a vossa e minha geração são postas
diante de uma realidade, nua e crua, do amordaçar de sonhos e
liberdades que vocês nos anunciaram a todos, mas que ele e os da sua
geração só os encontram nos livros de história e no canto esperançoso
dos poetas (falo do jovem Divaldo Martins, que também escreveu no
“Semanário Angolense”!).

7- E sobre todas estas coisas, não mais falarei com o camarada Dr.
Dino Matross. Estou indisponível. A não ser em debate público.

Política, na verdade, diversamente do que vocês querem impor,
contrariando (mesmo neste tempo de democracia pluralista), o grande
Agostinho Neto, que disse não dever ser um assunto de “meia dúzia de
políticos”, terá que ser, e será, inexoravelmente, uma questão fora do
esoterismo a que vocês a querem submeter, em Angola.
Estou cansado das vossas chantagens e humilhações. Por enquanto, é
este o meu manifesto contra o medo e contra uma ditadura do silêncio
que não aceito.

Obs.: Como vocês gostam de distorcer as coisas, guardo cópia deste
documento que será distribuído a meus familiares e amigos e, quem
sabe, chegará aos militantes de corações abertos, que ainda não os
fecharam, ante a vossa inigualável capacidade de manipulação! Quem
sabe a todo o país e ao mundo, que para vós não passa dos arredores da
Mutamba e da marginal da baía de Luanda?!

Sem mais

Luanda, aos 29 de Novembro de 2009

Marcolino Moco (Militante livre do MPLA)"

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O Amor dá-me tesão


ele falava muito pouco. ela queixava-se muito que ele falava muito pouco. ele escrevia muito e mesmo assim achava que havia coisas extraordinárias para as quais as palavras não chegavam. ela gostava de palavras. não obrigatoriamente de as ler, mas de saber que elas estavam lá à espera de ser lidas. por si e pelos outros. por si. sobretudo por si. como se fossem suas por direito. nessa noite ele acordou porque o calor o fez acordar, não por ter algo para dizer. tinha isso muito claro para si. e como não a queria acordar também, escreveu.

deixou este recado em cima da mesa da cozinha (entalado entre a mesa e um copo de vidro escuro por onde ela bebia sempre antes de ir para a cama) e saiu de casa sem fazer barulho:


quero repetir-te mil vezes o que já sabes
que te quero
que te amo com o corpo todo
quero dizer-te
que tu és mais do que aquilo que eu te empresto (e eu nunca soube o que isso é).
quero dizer-te
que gosto muito de discordar de ti
quero dizer-te
que o que vale a pena nasce da tua boca.
quero beijar-te até a língua ficar cansada (a minha e a tua)
quero beijar-te depois da língua se cansar
quero morder-te o lábio com força e vê-lo sangrar (de tão real que és...)
quero que saibas
tu és muito mais do que aquilo que eu te empresto (e quão fantástico é isso?)
és o meu almoço
és os nossos banhos
és os teus medos e os meus
és a minha desculpa para deixar de sentir culpa
quero dizer-te
que gosto do teu corpo e do teu cheiro
gosto daquilo a que sabes
que faço de olhos abertos aquilo que podia fazer de olhos fechados
quero dizer-te que estar contigo é bom
é muito bom (onde estão os adjectivos?)
é um filme de domingo à tarde e pornografia barata
é aquelas merdas todas que me disseram que era suposto ser e mais qualquer coisa que não sei (não sei, não. não quero, não me apetece) identificar
quero dizer-te
tu és a resposta esfregada na cara dos filhos da puta que me disseram que a vida não podia ser cinema.
(e eu que quase acreditei nesses cabrões...)
quero que saibas
que contigo, supero-me
venço-me e derroto-me todos os dias (e não há nada de luta nisto)
quero dizer-te
que quero fazer as vezes de todos os que vieram antes e dos que hão de vir depois
quero ser o que vem depois de mim
quero fazer-me essa gente toda.
quero dizer-te
eu não te empresto nada. tu és. o que te ofereço é porque quero.
eu não te empresto nada.
tu já eras o mundo inteiro antes de mim.
foda-se,
foda-se,
é mesmo verdade.
de tudo aquilo que descobri de mim, tudo aquilo que descobri que sou, que quero, que está errado no que sinto como certo,
descobri que
não preciso de estar triste, carente, de estar no limbo, alterado, cheio de químicos, de fazer-me outro, de discussão, de música aos berros, de subterfúgios manhosos, não preciso dessa tensão...
porque na verdade...




o amor dá-me tesão.

in As pequenas coisas secundárias